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03-06-2002 -
Noticia |
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Segurança 05 -
Concentração e percepção I |
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Quanto mais vou
aprendendo de computadores mais fico extasiado
com o nosso computador pessoal (o cérebro).
Milhares, milhões de operações por segundo.
Resmas® ou mesmo palletes® de inputs num momento
para catrefas de outputs no momento seguinte,
todas operando sequencialmente e sobrepondo-se,
sem interrupções num fluir vertiginoso de
percepções, raciocínios e
decisões.
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Isto sem contar com as
respostas automáticas, ditadas por instinto ou
hábito. É fabuloso, não é? Pois é bom que seja,
porque é daquilo que temos entre as orelhas que
dependemos para sobreviver lá fora e mormente na
estrada. O que nos leva à primeira fase do
processo decisório – a percepção – que mais não
é que a recolha da informação necessária (os
inputs) para o raciocínio subsequente. Definida
pelo Dicionário, percepção é, entre outros, o
acto ou efeito de perceber; combinação dos
sentidos no reconhecimento de um objecto;
recepção de um estímulo; faculdade de conhecer
independentemente dos sentidos; sensação;
intuição; acto ou operação da inteligência. É
tudo isto mas é sobretudo esta última que tem de
dar a tónica a toda a nossa condução.
Ora, condição
fundamental, anterior à percepção, é a
concentração. A quantidade de informação que
conseguimos recolher através dos sentidos (na
escola, há muitos anos disseram-me que eram
cinco, visão, audição, olfacto, tacto e paladar)
é directamente influenciada pela concentração de
que somos capazes e aplicamos no processo
cognitivo.
Zé Distraído, que é um rapaz
que todos conhecemos, almoçou um Domingo e,
bem-disposto, resolveu ir dar umas voltas para
espairecer. Tonto, quase esquecia o capacete,
arrancou de supetão quase abalroando uma
carrinha que estava estacionada (não calculou
bem a trajectória para a velocidade). Cabeça no
ar quase atropelava a mulher da fruta que
passava na passadeira carregada com um cesto
cheio de maçãs (não reparou que tinha o vermelho
para ele) e se não entrou pela porta do
automóvel que de repente se abriu foi milagre
(falhou perceber que o passageiro ia sair do
carro quando passou pela direita do automóvel).
Quase se
enfaixou na traseira de uma station que efectuou
uma travagem de emergência (passou-lhe lá pela
cabeça que o miúdo que viu a correr ia embicar
para a estrada). Finalmente, após uma série de
peripécias a que sobreviveu porque Deus o
confundiu não sei se com uma criança se com um
borracho, ainda teve tempo de deixar a moto cair
mesmo já na rampa da garagem porque, a descer,
travou precisamente em cima de uma manchinha de
óleo (que não viu, claro).
Concentração
é, segundo o Dicionário (desculpem a insistência
com o Dicionário mas hoje estou para aí
virado...), o acto do concentrado e este é
definido como o que presta muita atenção a
alguma coisa. Quantas vezes não damos por nós,
distraídos em cima dela e de repente acordamos,
a pensar “olha se aquele agora tivesse feito
isto ou aquilo, eu não tinha tempo de reacção!”
Nunca? Óptimo. Não precisa ler mais e “vá
directamente para a banca sem passar pela
prisão”®. Os outros, como eu, vamos continuar...
Todas as decisões do Zé foram fracas e pobres (e
cheias de sorte) porque não estava com a cabeça
no que estava a fazer, não estava concentrado e,
consequentemente, não estava habilitado a tomar
as decisões correctas.
A falta de
concentração prejudicou a percepção, que afectou
o raciocínio que por sua vez o impediu de agir.
Estão a ver que é um processo em cascata como
aquelas habilidades chinesas com o dominó? Por
falta de concentração não nos apercebemos, se
não nos apercebemos não pensamos como devemos e,
logicamente, não decidimos bem. Se pensarmos nos
milhões de decisões que temos de tomar
constantemente ao conduzir, fácil é entender que
todo o processo se vai desenrolar sem que o
controlemos. E se não vamos no controle, quem
vai??? Já vos disse que a segurança é o valor
principal?
Resmas® e palletes® são
expressões provavelmente registadas pelas
Produções fictícias do tio Hermann. “ Siga
para a banca...®” é uma expressão monopolista.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
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