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10-09-2002 -
Noticia |
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Segurança 30 - O
que fazer em caso de acidente |
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Seja alguém do nosso
grupo seja um completo desconhecido, o espírito
de solidariedade entre motociclistas (nascida da
consciência da nossa especial fragilidade)
obriga-nos a actuar e a apoiar um companheiro do
asfalto que não se pode valer porque sofreu um
acidente. O que fazer,
então?
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Em primeiro lugar,
manter sempre a calma, a frieza e a capacidade
de raciocínio. Não é a altura mais fácil para o
fazer mas o bem-estar e quiçá a vida do
companheiro abatido depende disso. Uma atitude
despida de sentimentos é útil, uma cabeça quente
é dispensável. Se vamos tomar conta dos
acontecimentos há que dominar todos os seus
aspectos. Ter formação e treino em socorrismo
será de grande valia.
No que toca ao
infortunado existe uma presunção que irá
conformar a nossa acção: se saltou (highside – o
motociclista é cuspido por cima do guiador),
flipou ou bateu contra alguma coisa há lesão
espinal. Esta presunção só será ilidida por
prova em contrário no hospital, através de
radiografia. Nestes casos é capital imobilizar o
sinistrado ainda que contra a vontade dele. E
quente. Com casacos ou outro tipo de protecção
deve manter-se confortável e sem perda de
temperatura.
Se estiver
consciente é de esperar que toda a adrenalina
que corre desenfreadamente no seu sistema o leve
a querer levantar-se e tomar conta da situação.
Há que evitar que o faça. As aparências iludem e
mesmo que pareçam respirar saúde podem sofrer de
lesões internas ou mesmo fracturas que a quente
não sentem. O ideal será mesmo arranjar um
suporte para o pescoço de modo a que a posição
da cabeça permaneça estacionária até à chegada
da ambulância que chamámos por telemóvel
(utilíssimas ferramentas). O capacete permanece
na cabeça do sinistrado ainda que este, por
sofrer de natural claustrofobia nestes momentos
(especialmente se sofreu um curto período de
desfalecimento), pretender retirá-lo (mais ainda
se for um integral). A correcta retirada do
capacete deve ser efectuada por pessoal com
conhecimentos desta manobra, que envolve duas
pessoas.
Fale com o sinistrado e avalie
a sua capacidade e discernimento, tentando, ao
mesmo tempo mantê-lo calmo. São indicações que
serão úteis aos socorristas profissionais.
Entretanto chame a policia. Tome providências em
relação ao motociclo. Não o retire nem permita
que retirem da posição em que ficou até à
chegada das autoridades e a tomada das medidas
em relação a pontos fixos da via que baseiem o
desenho do croquis. Depois disso pode levantar a
moto e avaliar o seu estado. Se o sinistrado
estiver consciente, concerteza quererá saber da
sua menina. Não lhe esconda a verdade, não vá
ele suspeitar que mente e resolva avaliar por si
mesmo. Pergunte-lhe para onde deseja que a moto
seja enviada e assegure-se que o será,
contactando a assistência, um transporte capaz
ou alguém da confiança do sinistrado. Contacte
alguém da família ou das relações do sinistrado
tendo o cuidado de lhe pedir essa indicação. Se
estiver inconsciente busque esses contactos na
carteira do sinistrado com a assistência da
autoridade policial.
Quanto ao
sinistro uma série de medidas há que tomar em
substituição do sinistrado, temporariamente
incapaz de o fazer. Se o acidente envolveu
veículos terceiros, não permita que sejam
removidos da posição em que se encontram até à
chegada da polícia. Contacte o agente da
autoridade responsável pelo levantamento do auto
de notícia e averigúe onde e quando poderá ser
levantada uma cópia do auto (necessária para o
processo da seguradora). Se for possível tirar
fotografias aos veículos não deixe de o fazer.
Recolha a identificação (nomes, moradas e
telefones) de testemunhas e transmita-as de
imediato ao agente responsável guardando-as
também para si. Assegure-se de que o outro
condutor preenche uma declaração amigável de
acidente automóvel ou, pelo menos, recolha os
seus dados de identificação e os do veículo e
seguro. Ao tratar com este a sua capacidade será
posta à prática. Não seja agressivo mas antes
correcto e polido. Ainda que ele seja culpado
naquele momento não estará concerteza com o
discernimento completo e uma atitude agressiva
pode levá-lo a retrair-se e dificultar o seu
trabalho.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
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