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11-10-2002 -
Noticia |
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Segurança 37 - As
motos também se deitam (e levantam) |
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Se nunca lhe sucedeu
fique sabendo que algum dia sucederá. Por força
do cansaço, da distracção, de uma travagem
brusca, solas inadequadas, descanso lateral
enterrado no solo mole, enfim, por uma razão
qualquer, a sua menina deitar-se-á mais ou menos
calmamente enquanto a conduz a velocidade
reduzidíssima ou mesmo parada.
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Convém que saiba
que não deve, de maneira alguma deixar-se ficar
debaixo dela. E para isso deve ter consciência
de que não tem força para a agarrar se a
inclinação da moto for tal que o centro de
gravidade se desloque lateralmente. Talvez não
seja despropositado averiguar por si o que isto
quer dizer. Em terreno firme mas suave (um
relvado é o ideal) e preferentemente com um
ajudante para o que der e vier, montado nela,
incline-a lentamente para um dos lados. A certa
altura o peso tornar-se-á insuportável e terá de
a deixar pousar. Ora, se simplesmente a largar
uma das suas pernas ficará agarrada e alguma
parte dela servirá de almofada ao motociclo. O
pior é que não conseguirá sair dali. O truque é
afastar a perna do lado para onde a moto desliza
apoiando o pé contrário no pisa e elevando o
corpo para depois pousar esse pé no chão.
Depois de a deixar cair vai com certeza
querer levantá-la. Difícil? Bem não será
exactamente o mesmo que levantar o boné mas é
praticável e é bom que saiba que possível, mesmo
sozinho. O truque são dois. Portanto, os
truques. Primeiro, os músculos que mais devem
ser utilizados nesta operação são os das pernas.
Segundo, o movimento não é tanto de levantar
como de empurrar. Vamos a isto.
Olhe bem para a
moto, a sua situação, os possíveis declives do
terreno. Se estiver deitada sobre o lado
direito, coloque o descanso lateral na posição
aberta com o cuidado de verificar que fica
assim. Tente trancar a direcção com a roda
apontando para o solo. Não queremos que
movimentos da forquilha lancem o nosso esforço
por água abaixo. Se possível engate a moto em
primeira para impedir a roda traseira de rodar.
Idealmente, se tiver uma corda ou elástico que
primam a manete do travão dianteiro para impedir
esta também de rodar, maravilha.
Primeiro passo, depois deste intróito, é
colocar-se de costas para a moto e apoiar a base
das costas contra o assento, pernas flectidas,
pés firmes no chão (solas de borracha) mãos
solidamente agarrando qualquer relevo fixo da
moto de um lado e outro do seu corpo. Extremo
cuidado em agarrar partes fixas. Não queremos
ficar com partes partidas de plástico da
carenagem ou o próprio banco na mão enquanto
vemos a moto a cair de novo no chão. Caso o
ângulo de inclinação da moto for de mais de 45º
então uma primeira força ascendente, realizada
com as pernas, será obrigatória. A partir desta
inclinação ou se for de mais à partida, então só
há que empurrar para trás. Os pneus no chão se
encarregarão de emprestar o efeito de alavanca
ao empurranço. Empurre para trás, devagar, tanto
mais devagar quanto a moto for levantando.
Se a estiver a
levantar depois de caída sobre o lado direito,
como já abriu o descanso lateral só tem que a
deixar cair sobre ele quando ela se levantar. Se
estiver caída sobre o lado esquerdo, terá de
tentar abrir o descanso logo que possível ou
virar-se quando estiver quase na vertical
montando-a depois. Se tudo isto se passar em
terreno inclinado, especial atenção à vertical e
tente sempre levantá-la do lado superior da
inclinação. Se ela estiver com a parte superior
virada para a parte inferior da inclinação,
tente rodá-la (se não for causador de danos
muito maiores) para assumir a posição mais
fácil. Idealmente, tente arranjar ajuda. Com
ajuda é num instante. E para isso é que serve a
tão badalada solidariedade motard.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
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