Notícias
Novas
Marcas / Preços
Apresentações
Frente-a-Frente
 
em  

 
Notícias
Notícia

12-08-2002 - Noticia
Segurança 23 - Curva
Click para ampliarSobre a curva e o acto de curvar, porventura o mais interessante que uma moto pode realizar (basicamente as motos aceleram, travam e inclinam), pode ser escrito um tratado, com explicações científicas, tabelas e quadros relacionais, formulas matemáticas etc.

Click para ampliarNesta primeira abordagem não nos vamos preocupar ainda com os aspectos mais profundos da Física. Por ora, vamos compreender o seguinte:
- a nossa aderência ao solo está dependente unicamente da superfície de pneu que contacta o solo e que, por cada um, não é superior a um palmo (de novo esta constatação basilar);
- a capacidade de aderência da borracha dos pneus ao solo é finita e cada utilização que lhe dermos condiciona a que sobra para as restantes (significando que quanta mais da capacidade de aderência estivermos a usar para acelerar ou travar menos poderemos utilizar para curvar, e vice-versa);
- o estado do piso e as condições climatéricas condicionam grandemente a aderência ao solo.

Por isto é importante, à entrada de uma curva, estar já tudo negociado. Depois da entrada da curva só há que fazê-la.

Ao empreender cada curva, nenhuma deve ser deixada ao sabor do acaso. Cada curva é uma curva, isto é, nenhuma é igual a outra. Daí que também, a forma de as efectuar também não é igual, muito embora a sua negociação obedeça a princípios gerais. Tendo isto em conta e ainda o facto de o espaço à nossa disposição ser apenas constituído, antes, durante e depois, pela faixa de rodagem em que circulamos dentro da via (nada de abordar curvas ou sair delas pela faixa contrária onde poderemos ter um encontro do terceiro grau com outro veículo em movimento no sentido contrário) três pontos devem estar na nossa mira. O de entrada, tido como o ponto mais à nossa esquerda possível, o de contacto, tido como o ponto mais à nossa direita, equivalente ao interior – constituído pelo mais próximo da berma se for para a direita ou da linha longitudinal separadora das faixas, se for para a esquerda – e o de saída, que é variável, conforme tenhamos pela frente uma curva apenas ou outra curva encadeada na primeira. Estes três pontos, que devem, idealmente, estar visíveis a todo o tempo marcam toda a “vida” da curva que pretendemos abordar.

Click para ampliarO primeiro ponto, de entrada, situa-se o mais próximo da curva possível. A medida deste possível tem directamente que ver com o grau da curva que, por sua vez, condicionará directamente a velocidade a que a podemos efectuar. Quanto menor o grau da curva (quanto mais apertada) menor a velocidade possível. Este ponto de que falamos é aquele para aquém do qual iniciar a curva (através da inclinação da moto) é cedo demais e provocará uma saída demasiado larga e além do qual é já tarde e uma saída em frente é o cenário mais provável. Ao atingirmos esse ponto, que de antemão seleccionámos, depois de analisar a curva (a sua parte visível) e adaptarmos a nossa velocidade à sua perfeita realização, há que, pela inclinação da moto, empreendê-la, agora a uma velocidade e rotação de motor constantes, rumo ao segundo ponto.

O segundo ponto, de contacto, situa-se, não a meio da curva mas já para lá dela. Tomando uma curva perfeita e igual em todo o seu traçado de 180º poderemos situar este nosso ponto como por volta dos 120º. É aqui que mais nos aproximamos do interior e é aqui que o ponto de saída estará já completamente visível. É aqui que atingimos a maior inclinação da moto, é aqui que a velocidade poderá ser menor. {No que toca a este pormenor, convém ter em atenção que: a curva é efectuada com a moto inclinada. O que impede que a moto caia para o lado para que se inclina, por força da gravidade, é a força centrifuga que empurra moto e motociclista para fora da curva. É o equilíbrio entre estas duas forças, gravidade e centrifuga, que permite que a curva se realize.

Click para ampliarO motor, neste momento, tem tendência a diminuir, naturalmente, a sua rotação, diminuindo a força centrifuga. Se tal acontecer i.e. se nós deixarmos que aconteça, origina-se um desequilíbrio de forças e a gravidade poderá vencer resultando em queda. O contrário é igualmente aplicável. Se aumentarmos a rotação do motor, a velocidade aumentará e com ela a força centrifuga, o que poderá originar o desequilíbrio das forças em questão e a centrifuga poderá vencer resultando em queda} Por isso, a rotação deverá manter-se constante durante todo o percurso e apenas deverá ser aumentada em caso de inclinação exagerada, como forma de compensação da gravidade.

O terceiro ponto, o de saída, corresponde àquele em que, volvendo a endireitar a moto, iniciamos gradual aumento de velocidade, a principio apenas para endireitar o motociclo e, passado este ponto, para tornar à velocidade a que cruzávamos antes da curva (ou à velocidade possível, atentas as restantes condições que se nos depararem). Situa-se o mais à esquerda da faixa que nos for possível mas está já para além dos 180º da curva e marca o retorno à condução, chamemos-lhe, normal.

Click para ampliarMas então, perguntarão, não se pode acelerar durante a curva? Poder pode, será a resposta, mas convém ter em conta que, como afirmamos de início, a aderência tem limites e, em curva estamos fortemente condicionados na sua utilização. Se ultrapassarmos a capacidade de aderência do pneu (e muitas condicionantes influem aqui – estado da via e do pneu, clima, a temperatura do pneu, areias, terra e pó, combustíveis derramados, qualidade e estado da suspensão) o resultado será uma derrapagem que nos poderá deitar por terra. O que nos leva a outra consideração: no jogo do equilíbrio de forças o nosso corpo joga papel fundamental. Nem tudo é velocidade e inclinação de moto. Um movimento de corpo, para baixo – baixando o centro de gravidade – ou para fora – aquelas inclinações de rabo fora do assento que tanto admiramos aos corredores – podem compensar e substituir, com vantagens, inclinações da mota.

Porém, estas atitudes corporais, que se assumem já como pertencentes a uma condução semi-desportiva ou desportiva só devem ser utilizadas depois de treino na sua adopção. Na estrada, as experiências ou correm muito bem – por acaso – ou resultam em acidente ou em situações comprometidas e de apuro.

Jorge Macieira

Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista

Advogado Moto-Lex Bonus Pater familias Boletim Facebook Google +

Índice
01 - Paixão e prevenção
02 - O motociclista
03 - o motociclo
04 - Atitude
05 - Concentração e percepção I
06 - Concentração e percepção II
07 - Conforto I (posição de condução)
08 - Conforto II (Frio)
09 - Conforto III (Calor)
10 - Conforto IV (Vento)
11 - Conforto V (Chuva)
12 - Visão e percepção
13 - Ver e ser visto
14 - Sinalização
15 - Visão - Perigos fixos
16 - Visão - Perigos móveis
17 - Raciocínio e prevenção
18 - Negociação (decisões, decisões...)
19 - Aceleração
20 - Travagem
21 - Travagem II (a redução)
22 - Ultrapassagem
23 - Curva
24 - 2 segundos para uma vida
25 - Condução em grupo
26 - Bagagem
27 - Velocidade
28 - Condução com pendura
29 - Acidente - que fazer ? (o próprio)
30 - Acidente - que fazer ? (os outros)
31 - Condução nocturna
32 - Condução urbana I
33 - Condução urbana II
34 - Viagem
35 - Situações de perigo
36 - Armadilhas urbanas
37 - As motos também se deitam (e levantam)
38 - O furo da minha vida
39 - Prendam essa moto
40 - As mais estúpidas idas ao tapete
 
PwC Consulting
Copyright © 2001 Motormédia | Todos os direitos reservados
webmasters@motores.pt
Topo