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23-08-2002 -
Noticia |
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Segurança 26 -
Bagagem |
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Ao enfrentar a
expectativa, sempre excitante, de uma deslocação
maior, deparamo-nos com as eternas escolhas da
bagagem. O que levar, meu Deus, preciso de tanta
coisa ... As considerações básicas, neste
capítulo são, o quê (na perspectiva do quanto),
onde e como. A lógica enformadora destas
escolhas é, como sempre, a segurança. Vamos por
partes!
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O quê – todas
as motas têm a sua capacidade de carga. Saiba
qual é a da sua, bem sabendo que, o volume da
nossa menina pode ser enganador quanto à sua
capacidade. Motos grandes, à partida as que
pensamos terem grande capacidade de carga podem
não estar exactamente vocacionadas para camião
TIR enquanto que motociclos menores podem levar
a melhor sobre aquelas. Aqui, o livro de
instruções, entregue com o motociclo, revela-se
importante. Nele encontra-se estabelecida a
capacidade de carga, em quilos, da nossa
montada. Não deverá ser ultrapassada esta
capacidade sob pena não apenas de nos ser
retirada qualquer protecção de garantia ou de
cobertura de seguro em caso de acidente mas,
sobretudo, porque atentará contra a nossa
segurança. Se não dispuser deste livro
informe-se junto do fabricante ou de qualquer
agente autorizado e recolha informação escrita.
É importante fazer cálculos. Pegue na
calculadora ou num papel e lápis e adicione o
seu peso ao do(a) eventual pendura e conheça
qual o número de quilos com que poderá ainda
ajoujar a ”mula”.
Depois da aritmética
feita pense sempre que, quanto menos melhor.
Aconselham os especialistas a que leve mais
dinheiro que bagagem. Isto porque a tendência é
sempre de fazer como o caracol e levar a casa às
costas. A única maneira de combater esta
inclinação é a mesma que combate o excesso de
gastos numa viagem ao grande supermercado. Faça
uma lista com o que quer levar e depois desate a
riscar. Seleccione entre o que é realmente
fundamental e aquilo que pode dispensar ou
comprar no local não tendo que o carregar. Dadas
as grandes disparidades possíveis entre todo o
tipo de deslocações (distância, meteorologia,
número de dias) não é possível fornecer qualquer
tipo de lista padrão mas há itens que serão
sempre aconselháveis. O fato de chuva pode
parecer ridículo em Agosto no Algarve mas existe
sempre a possibilidade de uma chuva louca. Um
par de luvas de reserva, uma embalagem (pequena)
de massa consistente (para a corrente), um pano
para mãos, parecem-nos recomendáveis, bem como
um kit para furos dos pneus. Nada disto ocupará
muito espaço nem pesa grandemente. A partir daí,
estará sempre ao seu critério. Estabeleça
prioridades e não ceda à tentação de levar tudo.
Faça as suas escolhas de vestuário com base na
polivalência por forma a potenciar o uso das
peças que escolher reduzindo ao máximo a
quantidade. O mesmo se diga em todos os extras e
utensílios
Onde – a moto é
um veículo cujo êxito na condução depende do
grandemente do seu equilíbrio. Por isso toda a
distribuição de cargas deverá ter esse factor em
consideração. Não é aconselhável carregar
demasiado a traseira em detrimento da dianteira
nem um lado a favor do outro. Se carregar
demasiado a traseira ficará com a dianteira
muito leve e com menos pressão sobre o asfalto.
Em curva poderá revelar-se fatal. Demasiada
carga de um dos lados obrigará a esforços
constantes e muito cansativos de correcção das
trajectórias. Mais uma vez, as curvas poderão
revelar-se problemáticas. Pense bem na
distribuição dos pesos. Se leva carga traseira
não esqueça de contrabalançar com carga
dianteira. Apesar de, aparentemente, ilegais aos
olhos do Código da Estrada, os sacos de depósito
podem revelar-se providenciais nesta secção.
Como – Existem inúmeras formas de conter
a carga, desde os elásticos, às aranhas, aos
alforges, sacos de depósito e malas em tecido ou
plástico rígido. Importante é que nada, mas
nada, esteja solto ou possa deslocar-se por
força da condução. Por tal considero
desaconselháveis os elásticos. A sua
elasticidade permitirá suster alguns tipos de
carga em trajectos pouco exigentes mas, para uma
viagem um pouco maior, oferecem muitos perigos
de deslizamento lateral ou mesmo de soltura da
carga. E nem queiram pensar nos efeitos da
quebra de um deles em pleno andamento. Motos
mais radicais (as RR) não oferecem grandes
facilidades de carga. Não estando vocacionadas
para sustentar kits de malas, nem alforges, a
sua postura de condução não favorece os
depósitos dianteiros, muito embora em desespero
de causa, possam constituir uma alternativa.
Nestes casos as aranhas são a única hipótese, em
muitos casos, mas lembrem-se, segundo o nosso
código são ilegais. Se a sua máquina for uma
custom, a opção mais estética é o alforge
mas lembre-se que estes não foram feitos para a
velocidade. O perigo de adejarem ao vento ou de
se abrirem por mau condicionamento é real. O
ideal são as malas e, dentro destas as de
plástico rígido. Mas não esqueça que três malas
cheias, na traseira, imprimem muito peso e
oferecem grande resistência ao vento,
condicionando de forma perigosa a condução.
O que está
absolutamente vedado é o transporte de qualquer
coisa que adeje ou se possa escapar da mala ou
da aranha. Bastantes acidentes com consequências
fatais se têm verificado porque a manga de um
blusão ou um cachecol se enrolaram no pneu
traseiro.
Como em tudo o que interessa é
rolar muito e em segurança. Se não está
habituado a conduzir com cargas, escolha um dia
para testes deste tipo de condução. Carregue a
moto como se fosse viajar e circule com
prudência por umas quantas estradas. Verifique
quanta bagagem está dentro do limite de peso
suportado. Experimente acelerar, travar e
curvar. Comece com pequenas prestações e vá
aumentando a sua exigência e ganha o feeling da
sua máquina submetida a esta provação. Não
esqueça coadunar a pressão dos pneus ao novo
peso.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
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