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17-06-2002 - Noticia
Segurança 08 - Conforto II (Frio)
Click para ampliarO frio, que o mesmo é dizer as baixas temperaturas, já que frio é a sensação que resulta daquelas, não é nada que deva ser desprezado, mesmo num país que goza de não sei quantas mil horas de sol por ano e de um clima mediterrânico. Não apenas as nossas deslocações nos poderão levar a locais onde normalmente faz muito frio como, mesmo cá, se sofre de muito frio amiúde.

Não é despropositado perceber, primeiro, como funciona o nosso corpo em relação às temperaturas. Tendo por base o combustível que consome (comida e bebida) este é tratado através do sistema digestivo e a parte aproveitável (a outra vai fora, como sabeis) é transformada em, chamemos-lhe, energia que, através do sangue, é transportada a todas as partes.
Ao mesmo tempo que isto se processa outra acção decorre que possibilita a nossa existência – através da respiração e do ar que inalamos, retemos oxigénio – nos pulmões – que, através do mesmo sangue, é distribuído a todas partes conforme as existências e as exigências. Uma parte do cérebro, que agora não interessa (isto não é uma aula de ciências da natureza), monitoriza as necessidades de cada parte e controla a gestão dos recursos. Para que tudo corra bem é, em primeiro lugar, necessário assegurar a correcta oxigenação do cérebro. Sem isto falha toda a gestão dos recursos.
Click para ampliarOra, sendo que, na condução de motociclo, o corpo é submetido aos elementos, nas baixas temperaturas as nossas camadas exteriores (a pele) em contacto com o ar, vão perdendo calor que terá de ser reposto. Este trabalho de reposição poderá ser ajudado pela ingestão de combustível mas, com o andar da carruagem, que é a moto, esta acção, só por si, não basta. O calor vai-se dissipando, das camadas exteriores para as interiores até que, em caso extremos, começamos a sofrer de hipotermia. Esta começa a manifestar-se à medida que os nossos orgãos interiores se vão vendo privados da temperatura essencial ao seu correcto funcionamento. E, para preservar este núcleo essencial de orgãos (aqueles a que chamamos vitais, coração, pulmões, rins, fígado estômago) o sistema de gestão do nosso corpo começa a enviar cada vez menos calor aos periféricos quanto menos calor dispõe para gerir, salvaguardando aqueles em detrimento destes. Para nossa desgraça, a cabeça, ao contrário dos computadores em que o Cpu é base do sistema, neste esquema de gestão, é um periférico (o sistema deve e continua a funcionar para além de uma perda de consciência). Ao enregelamento das mãos e pés sucede uma menor oxigenação do cérebro (estão a ver a consequência...). Com menor oxigenação o cérebro entra numa gestão deficiente das nossas acções conscientes e o raciocínio deixa de ser o que devia ser até que o desfalecimento sobrevenha, senão suceder o acidente primeiro. É, portanto, a perda de calor, que é necessário combater.

Para combater a perda, cada vez maior do calor corporal, devemos proteger a nossa estrutura com uma barreira, a que chamamos vestuário. Já havia salientado a importância do vestuário no que respeita à protecção para a queda (“vista-se para a queda não para a viagem”, lembram-se?). Chegou a vez de enfatizar a importância do vestuário para a defesa térmica.

Mãos e pés, por serem os primeiros a sofrer da perda de calor, devem ser objecto de especial atenção. O seu correcto envolvimento em materiais que, em primeira linha, os protejam da perda de calor e em segundo lugar, das quedas não pode querer dizer, privá-los de eficiência. E isto é especialmente verdade em relação às mãos. Se de tal maneira as envolvemos em luvas e sub-luvas que perdem o tacto e/ou mobilidade estamos a tapar o queixo com a coberta e a destapar os pés. Daí o sublinhar do envolvimento correcto. O que quer dizer com material adequado. Existem luvas para o tempo quente e luvas para o tempo frio. E luvas para o tempo chuvoso. É claro que todo o equipamento tem o seu preço mas, neste capitulo (como em todos os outros já que em última análise o que está em jogo é a nossa integridade física, quando não a própria existência), não há que fintar muito. Ou se tem ou não se anda. Pode ser um pouco melhor ou menos melhor (pode até ser mais caro e não ser melhor...) mas sem ele é que não. E até há truques baratos para fintar os elementos mas pressupõem a existência de algum material. Como por exemplo o adicionar de uma luvas de látex (daquelas usadas nos hospitais para as cirurgias) por baixo das luvas, já de si grossas, para o frio. Ou de umas finas luvas de malha sintética. Também, para os pés, existem botas impermeáveis providas de revestimento térmico que pode ser reforçado com umas meias térmicas (normalmente em fibra sintética ou de mistura com algodão ou lã). Mas também se podem utilizar umas botas, simplesmente quentes, envolvidas naquelas galochas de borracha fina.

Click para ampliarPara o corpo já existem mais soluções. Desde o fato de cabedal por dentro com o fato de chuva por fora até aos modernos (mas caros ) fatos em materiais nobres ( gore-tex, simpha-tex, cordura, tudo muito thinsulate ) com forro térmico, de grande protecção térmica, impermeável e mais resistentes à abrasão que o cabedal. Porém, a utilização de um simples jornal a envolver o corpo, por baixo do fato que se use, confere alguma protecção térmica, desde que se não molhe. O segredo é proteger mas não enchouriçar. Os movimentos devem permanecer livres. Joelhos e cotovelos que não dobram ou cuja circulação se não faz, são joelhos e cotovelos ineficientes. E se estamos a falar de segurança não podemos proteger aqui para desproteger ali. Não faria sentido. Pouco visto, mas que existe, o fato de aquecimento eléctrico proporciona, se não avariar, uma protecção mais constante que o decorrente da simples gestão da perda de calor que o nosso cérebro efectua porque, de facto, se procede à reposição de energia perdida.

Uma parte do corpo é essencial e está naturalmente desprotegida, pelo que merece especial atenção, que é o pescoço. Seguindo a nossa ideia de manter o corpo provido de calor nas suas extremidades não podemos descurar o calor e o oxigénio que necessitamos na cabeça e que para lá são enviados através desta “peça” pelo que deverá estar muito bem protegido. Uma deficiente protecção do pescoço pode deitar por terra toda a restante protecção pois basta esse palmo de pele para todo o calor se esvair do nosso corpo. A dificuldade reside no facto de se tratar de uma peça móvel e que não entra no desenho de nenhum dos fatos de cabedal ou de chuva que conhecemos. Eventualmente, alguma protecção é fornecida para a parte de trás do pescoço mas nunca totalmente. Nem podia sê-lo sob pena de limitar os movimentos da cabeça. Para a chuva, confesso, ainda não encontrei nenhum equipamento totalmente satisfatório. Para o frio, em contrapartida, existe uma variedade de equipamentos disponíveis. A minha preferência recai numa manga de tecido sintético, não demasiado grossa, mas termicamente bastante eficaz. Se necessário, pode ser complementada com outra ou com outro dispositivo diferente (até uma t-shirt de algodão).

A par desta protecção contra a perda de calor não devemos olvidar que também estamos a perder água (o bafo que nos sai da boca é vapor) pelo que não devemos descurar a reposição dos níveis líquidos da nossa máquina. Os alimentos ideais para estas condições são os que reúnem ambas necessidades, calor e água. Sopa, papas, arrozes aguados são os ideais porque repõem calorias e água não se tornando demasiado pesados no estômago.

Por último, e tornando ao princípio da perda de calor por parte do corpo, quando em viagem, planeie paragens frequentes e durante essas paragens assegure-se de que repõe os níveis de líquidos e energia no corpo não apenas pela sua ingestão mas também pela absorção do calor ambiente. Não parta de novo se o corpo ainda não está suficientemente quente sem as roupas de protecção. Se, vestido normalmente, estiver bem dentro de casa, então pode voltar a colocar o equipamento pesado. Assegure-se também que o equipamento está seco. Colocar de novo um casaco ou umas calças encharcadas é desperdício de energias em mais do que um sentido.

Jorge Macieira

Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista

Advogado Moto-Lex Bonus Pater familias Boletim Facebook Google +

Índice
01 - Paixão e prevenção
02 - O motociclista
03 - o motociclo
04 - Atitude
05 - Concentração e percepção I
06 - Concentração e percepção II
07 - Conforto I (posição de condução)
08 - Conforto II (Frio)
09 - Conforto III (Calor)
10 - Conforto IV (Vento)
11 - Conforto V (Chuva)
12 - Visão e percepção
13 - Ver e ser visto
14 - Sinalização
15 - Visão - Perigos fixos
16 - Visão - Perigos móveis
17 - Raciocínio e prevenção
18 - Negociação (decisões, decisões...)
19 - Aceleração
20 - Travagem
21 - Travagem II (a redução)
22 - Ultrapassagem
23 - Curva
24 - 2 segundos para uma vida
25 - Condução em grupo
26 - Bagagem
27 - Velocidade
28 - Condução com pendura
29 - Acidente - que fazer ? (o próprio)
30 - Acidente - que fazer ? (os outros)
31 - Condução nocturna
32 - Condução urbana I
33 - Condução urbana II
34 - Viagem
35 - Situações de perigo
36 - Armadilhas urbanas
37 - As motos também se deitam (e levantam)
38 - O furo da minha vida
39 - Prendam essa moto
40 - As mais estúpidas idas ao tapete
 
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