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05-07-2002 -
Noticia |
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Segurança 13 - Ver
e ser visto |
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A recolha de
informação funciona como uma rua de dois
sentidos. Só estaremos seguros não apenas se
tudo virmos como também se todos nos virem. Esta
afirmação é mais fácil de dizer que de fazer. Os
motociclos pela sua pouca largura e pela
velocidade de aproximação são difíceis de “se
ver”.
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A maior parte dos
outros condutores, tanto automobilistas como
motociclistas, não se aperceberá da nossa
presença senão já quando nos encontremos muito
próximos e ainda assim por vezes só quando os
passamos. Também o cálculo da nossa velocidade
de aproximação é, as mais das vezes, calculada
de forma deficiente pelos outros. E, mais ainda,
o esquema mental de muitos automobilistas não
inclui o motociclo como factor a estar alerta o
que os leva a, ainda que nos “vejam” a
informação que chega ao cérebro não seja a
correcta pois que desprovida de sinais de
alerta. Um bom pressuposto de segurança é “eu
sou invisível”. O mostrar-se, portanto,
revela-se de importância fulcral (claro que a
200 km/h ninguém é visto ou como já li num
autocolante “a 200 não tens amigos”). Como
deixar-se ver?
Circulando a
uma velocidade consentânea com o fluxo de
trânsito é uma boa achega. Dar tempo e distância
aos outros para que nos identifiquem. Sabendo
que o espaço que ocupamos nos espelhos
retrovisores é mínimo, se não lhes damos tempo
para que os utilizem, não lhes damos tempo para
que nos vejam. E eles já usam os espelhos tão
pouco.
Circular de médios acesos ainda é
melhor (notem bem, não é ter as luzes acesas em
vez de circular a uma velocidade correcta, é
também). Não apenas vamos a cumprir o Código da
Estrada mas aumentamos a nossa visibilidade. E,
notem, não estamos a gastar a bateria como
alguns dos que teimam em circular de médios
apagados por certo julgam. A energia é fornecida
directamente pela nossa marcha (lembram-se de
andar de bicicleta com um gerador acoplado ao
pneu dianteiro?) com a bateria apenas como
recurso. E o preço das lâmpadas não é assim tão
caro, numa relação de custo-benefício. O aumento
de visibilidade é multiplicado várias vezes. E,
se a luz dispuser de um modulador que a faça
piscar, ainda que levemente, melhor ainda.
Passamos a ser notados. E se sabem que estamos
lá, há forte possibilidades de sermos incluídos
nos seus esquemas mentais de raciocínio e de não
sermos abalroados por um veículo que,
subitamente e ignorando a nossa presença, muda
abruptamente de faixa de rodagem.
Por vezes o
audio (um escape ruidoso) também funciona como
alerta mas não devemos esquecer que existem
limites legislados para os decibéis que não
podem ser ultrapassados, para além de que para
os outros o nosso ruído é sempre um incómodo e
uma fonte de crispação e de irritação. E da
crispação e da irritação até à atitude errada e
perigosa vai um passo. Não esquecer que (isto é
valido para todos os veículos mas a nós toca-nos
mais) tocando os nervos dos automobilistas à
nossa passagem podemos estar a cavar a sepultura
de outro motociclista que pague por tabela. Além
disso pode ser contraproducente também para nós
já que um ronronar demasiado forte causa cansaço
ao motociclista, até por exercer um certo efeito
hipnótico. Ao servir de som de fundo, constante
e monótono, pode levar ao adormecimento dos
sentidos.
Uma palavra ainda para o
efeito visual do motociclista. Tem a ver com o
vestuário. Este pode contribuir para a nossa
visibilidade. Cores claras e mesmo berrantes são
mais facilmente perceptíveis do que as cores
escuras. Num país com tanto sol mas em que
tantos vestem de forma sorumbática (contra mim
falo) as cores garridas de algumas indumentárias
(que até podem parecer ridículas) podem servir a
função da visibilidade. O verde alface ou o
laranja eléctrico sempre são mais visíveis que o
negro... Umas tiras de tecido auto-reflector
também podem ajudar. Um capacete de cor clara,
não apenas ajuda à reflexão do calor como da
luz, aumentando a visibilidade.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
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