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12-06-2002 -
Noticia |
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Segurança 07 -
Conforto I (posição de condução) |
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Não há motociclista
batido que não saiba da diferença que o conforto
ou a sua falta provocam na condução. Daí a
importância capital que, especialmente quando
face a uma viagem mais longa, os aspectos
relacionados com o conforto assumem. Mas também
para as pequenas deslocações estes aspectos não
podem ser descurados. Várias podem ser as causas
de desconforto na condução de
motociclo.
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Desde logo a posição
corporal. Devemo-nos sentar no banco de forma
natural, nem demasiado à frente nem demasiado
atrás evitando posturas esforçadas aos braços e
à coluna vertebral. Conforme o tipo do nosso
motociclo deveremos ocupar a posição de condutor
que mais relaxada se possibilitar. Hoje em dia
essa escolha está bastante facilitada pelo
carácter marcadamente anatómico dos assentos. Os
pés deverão assentar naturalmente a meio dos
pisa-pés. Nem no calcanhar nem nas falanges.
Deverá possibilitar, a posição do pé, que os
comandos de pé (travão e mudanças) sejam
accionados sem que o pé tenha de se elevar ou
mudar de posição mas apenas com movimento
rotativo do calcanhar. Deverão também, sem
exageros de postura estar direccionados para a
frente e não “abrir para os lados”. Isto fará
ainda maior sentido se pensarem na proximidade a
que os pés estão do chão e na possibilidade que
têm de tocar o asfalto em curva se estiverem a
apontar para fora, com consequências danosas
para os dedos, o calcanhar, quando não todo o
conjunto, por queda. Ademais, posições pouco
naturais provocam esforço muscular e este,
cãibras. Ora uma cãibra a meio da condução é um
fenómeno difícil de controlar. A dor que provoca
obriga-nos a dar-lhe atenção total e imediata e
naquele momento não o podemos fazer. E se
fazemos, então deixámos de dar atenção à
condução e o acidente é iminente.
As mãos
deverão segurar sem esforço ambos punhos do
guiador na sequência da linha dos braços. Nada
mais cansativo para os punhos, que serão
chamados a uma série de esforços próprios da
condução (na aceleração, na desaceleração, na
travagem e em curva) do que estarem
constantemente numa posição de torção. As
manetes (alavancas do travão dianteiro e
embraiagem) deverão estar bem ao alcance dos
dedos sem que a mão se afaste dos punhos do
guiador ou tenha de assumir posições de torção.
Também assim os comandos periféricos de luzes,
piscas e buzina deverão estar bem ao alcance dos
dedos. Todos deverão permitir o seu accionamento
sem esforços suplementares. Aliás, a posição
correcta das mãos deverá permitir que um ou mais
dedos (dois) se encontrem, normalmente, já em
cima da manete, prontos a accioná-la sempre que
necessário. Se se tornar necessário alterar a
posição do pulso e da mão para accionar qualquer
um destes comandos periféricos, algo está errado
na sua colocação.
Os espelhos deverão
estar posicionados de forma a que o condutor se
possa servir deles e abarcar todo o campo visual
traseiro movendo unicamente os olhos, sem que
para tal tenha de deslocar a cabeça. Ter de
constantemente deslocar a cabeça da sua posição
natural de condução para poder olhar para os
espelhos torna-se cansativo e por consequência
fomentam o abandono do seu uso.
Finalmente os braços, que comandarão a
posição da coluna, deverão estar distendidos, de
forma a que os cotovelos não estejam encolhidos,
não devendo nunca estar estendidos. Não olvidar
que os braços constituem um sistema de suspensão
em relação ao corpo e, por tal, não devem nunca
estar próximos da sua expressão máxima ou
mínima, antes devendo permitir o amortecimento
dos pequenos choques inerentes à circulação que,
de outro modo, se transmitirão ao corpo e à
própria máquina. Os cotovelos deverão estar
descaídos e não para os lados em posição de
esforço. Basta lembrar que numa situação de
travagem o movimento dos cotovelos fará com que
o nosso corpo se desloque para trás assim
suavizando a carga que se acumula na suspensão
dianteira da moto, o que não sucederá se eles
estiverem fixos com os braços esticados. O peso
do tronco, pelo seu posicionamento não deverá
assentar nos braços e pulsos mas na base da
coluna (esta região – lombar - poderá ser
ajudada pelo uso de uma cinta), o que, além, do
mais ajudará à estabilidade da máquina por
colocar o centro de gravidade ao centro e não na
frente. Toda a postura corporal deverá ser
harmónica permitindo ao condutor a linguagem
corporal necessária às diversas solicitações da
condução sem esforços acrescidos.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
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