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21-08-2002 - Noticia
Segurança 25 - Condução em Grupo
Click para ampliarUma das formas que pode ser das mais gratificantes de conduzir mas que também pode assumir contornos de verdadeiro suplício é a condução em grupo. Bem levada é muito agradável, mal realizada é de fugir para nunca mais.

Pode ser realizada de muitas formas em gradações de disciplina que vão desde o simples estabelecimento de pontos de encontro ao longo de todo o percurso (não circulam realmente em grupo, vão-se agrupando ao longo do trajecto mas cada um anda por si entre esses pontos) até ao estrito cumprimento da ordem, próprias apenas das colunas militares.

Como em todas as actividades humanas que envolvem vários sujeitos, também esta exige o estabelecimento de regras básicas que todos devem respeitar.

Em primeiro lugar, convém ter muito claras as intenções do grupo. Se for apenas de se encontrarem no destino, então a liberdade de circulação é total. Cada um vai como for e encontramo-nos lá. Se, ao invés, a própria viagem em grupo fizer parte do prazer colectivo, então a clarificação e adopção de regras e procedimentos à partida assume-se como imperativo. Porque nenhum dos membros do grupo é igual ao outro nem as suas montadas, é em terra que nos vamos aviar. O planeamento de toda a viagem deverá já ter sido efectuado pelo(s) organizador(es). Este planeamento inclui a rota a seguir, o mapa das estradas ou a sua lista numa folha única (de preferência), facilmente consultável pelo pendura ou pelo condutor que a colocou no saco de depósito, com indicação dos pontos de paragem/reabastecimento/encontro e os números de telemóvel dos elementos principais.

Os principais elementos (os que nunca podem faltar sob pena de nada resultar) são apenas dois: o navegador (o chefe, o cabeça de fila) e o vassoura (o guardião, o último). O navegador tem como principal função dirigir a coluna coadjuvado pelo vassoura e os batedores (se existirem). É ele que arranca, ultrapassa e pára primeiro. É ele que estabelece o ritmo de andamento e o itinerário (se alguma vez divergir do planeado). Apesar de convir alguma experiência, não é necessária tanta que um vulgar possuidor de bom-senso e espelhos retrovisores não ocupe o lugar a contento. O lugar acaba por calhar a todos alguma vez.

Click para ampliarO vassoura tem como cuidado principal não deixar desagregar o grupo e tomar conta das ocorrências que ao navegador escapam comunicando-lhas, preferencialmente na hora. se a comunicação via rádio ou telemóvel não for viável um código de sinais de luzes e manuais pode ser combinado. Ele vê tudo à sua frente e, portanto, está capacitado para proteger o grupo. Nas ultrapassagens, idealmente e se possível, ocupará a faixa antes do navegador e ai permanecerá até ele próprio ter ultrapassado, impedindo que outros utilizadores da estrada se imiscuam no grupo criando divisões e focos de tensão.

Como os referimos vamos também falar deles, os batedores. É um lugar divertido, pois que não sujeito à disciplina do resto do grupo, apesar de obedecer a outras regras mais severas. O batedor é o que se situa imediatamente atrás do navegador e serve tanto de via de comunicação entre este e vassoura, como protege a passagem do grupo nos entroncamentos, ocupando a via de intersecção e esperando que todos passem para ocupar de novo a sua posição (de legalidade duvidosa esta manobra é utilíssima e normalmente não gera incidentes – mas convém estar atento, não vá aquele camião que se aproxima no cruzamento não parar e passá-los a ferro). Em número de dois, normalmente não mais, são os únicos que andam para trás e diante, podendo mesmo ultrapassar em ocasiões o navegador enquanto o grupo respeita as posições originais.

Click para ampliarAntes da partida tem lugar uma reunião prévia (o briefing) com todos os intervenientes, destinada a publicitar as regras, o trajecto, os pontos de encontro/reabastecimento/paragem, distribuição de mapas etc. E que regras são essas. Muito simplesmente a de que, uma vez estabelecida a ordem de circulação, cada um ocupa a sua e não a altera sem motivo excepcional. Não terão lugar ultrapassagens entre membros do grupo e a condução é feita em função da mota de trás. O contacto visual com a moto que nos precede é fundamental para a não desagregação do grupo. As ultrapassagens a outros veículos são efectuadas ordeiramente, com antecipado planeamento, em segurança e com respeito da ordem de circulação. Dito isto já se percebe que a velocidade de cada grupo é inversamente proporcional ao número de motos que o compõem.

Em estrada o navegador deverá circular a uma velocidade próxima do limite (o legal, não o da máquina) mas sempre com um olho no burro (a estrada) e outro no cigano (o espelho retrovisor). Na cidade o caso fia mais fino. Não vale a pena tentar a mesma abordagem da questão. Por mor de outros veículos ou de semáforos o grupo vai desagregar-se em unidades menores. Para que tudo corra bem e não assistamos ao espectáculo confrangedor do grupo de cinquenta motociclos ocupar uma avenida inteira, tudo parado, à espera de retardatários que, por sua vez, acelerarão para além do razoável afim de retomar o contacto com o grupo (o que é muito perigoso e pode estragar a festa a toda a gente), convém, à partida ordenar o grupo de forma a que em ambiente citadino se formem pequenos grupos pré-determinados, comandados por lideres que conhecem o caminho. Todas as regras do Código Estradal são para respeitar, muito particularmente as de paragem à luz vermelha dos semáforos, da concessão de prioridade nos cruzamentos e passadeiras, limites de velocidade. Como tática comum podem ser combinados pontos de encontro geral e para cada grupo menor aconselha-se a circulação em formação lenta e cerrada.

Click para ampliarPor último, um pormenor importante respeitante ao posicionamento de cada um em relação aos outros. São possíveis, basicamente, três tipos de formação – alternada, fila indiana e a par. Esta última só mesmo em grupos militares sendo totalmente desaconselhada a nós, vulgares mortais. A fila indiana só deve ser adoptada em marcha muito lenta. A formação normal, e a mais segura para a condução em grupo, é a alternada. Cada um posiciona-se mais à direita ou à esquerda daquele que o antecede de forma a colocar-se em linha com o que está à frente deste. Deste modo o espaço livre à frente de cada um, destinado à travagem, é aumentado para o dobro, permitindo também um encurtamento das distâncias entre os membros do grupo.

Jorge Macieira

Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista

Advogado Moto-Lex Bonus Pater familias Boletim Facebook Google +

Índice
01 - Paixão e prevenção
02 - O motociclista
03 - o motociclo
04 - Atitude
05 - Concentração e percepção I
06 - Concentração e percepção II
07 - Conforto I (posição de condução)
08 - Conforto II (Frio)
09 - Conforto III (Calor)
10 - Conforto IV (Vento)
11 - Conforto V (Chuva)
12 - Visão e percepção
13 - Ver e ser visto
14 - Sinalização
15 - Visão - Perigos fixos
16 - Visão - Perigos móveis
17 - Raciocínio e prevenção
18 - Negociação (decisões, decisões...)
19 - Aceleração
20 - Travagem
21 - Travagem II (a redução)
22 - Ultrapassagem
23 - Curva
24 - 2 segundos para uma vida
25 - Condução em grupo
26 - Bagagem
27 - Velocidade
28 - Condução com pendura
29 - Acidente - que fazer ? (o próprio)
30 - Acidente - que fazer ? (os outros)
31 - Condução nocturna
32 - Condução urbana I
33 - Condução urbana II
34 - Viagem
35 - Situações de perigo
36 - Armadilhas urbanas
37 - As motos também se deitam (e levantam)
38 - O furo da minha vida
39 - Prendam essa moto
40 - As mais estúpidas idas ao tapete
 
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