.gif) |
25-06-2002 -
Noticia |
.gif) |
 |
Segurança 10 -
Conforto IV (Vento) |
 |
.gif) | |
Pessoalmente
considero o vento o pior dos inimigos (mais que
a chuva, mais que o frio, mais que o calor, mais
que tudo...). Uma viagem (quanto mais longa
pior) submetido ao esforço constante de controlo
da máquina sofrendo aquelas rabanadas bruscas,
que tão depressa nos impelem para fora da rota
traçada como de repente param criando uma
espécie de vazio súbito
|
que nos obrigam a novo
esforço de estabilização para de novo levar um
soco de ar, cria-me a maior das irritações e
sentimento de frustração, chegando mesmo a
retirar todo o gozo que a condução normalmente
proporciona. Ora, não nos podemos esquecer que
se pretende uma condução fria e desprovida de
sentimentos. A irritação só serve para nos
distrair e desconcentrar.
É claro que o
sofrimento não é igual de máquina para máquina.
Da ergonomia de cada modelo depende a
resistência que oferece ao ar em deslocação
violenta. Uma naked sofre incomparavelmente mais
que uma carenada, especialmente se dispuser de
um vidro de protecção que ofereça resistência.
As custom também são um óptimo posto de tortura
pois oferecem grande superfície de contacto,
sendo que a posição de condução, normalmente
relaxada, obriga a esforço suplementar. Também a
existência de bagagem e a sua disposição no
motociclo afectam grandemente a exposição e,
consequentemente, o sofrimento. Por isso se
torna importante tudo acondicionar por forma a
oferecer o mínimo volume possível
Como para as
outras situações de adversidade dos elementos a
protecção do corpo é fundamental. Mais uma vez
os cabedais se recomendam. Não apenas pela sua
rigidez como pelo facto de se ajustarem ao
corpo. Todo o tipo de vestuário que adeje é
totalmente contra indicado. Todo o vestuário
deve estar absolutamente fechado não permitindo
entradas de ar que, pelo efeito de vela,
potencie os efeitos desestabilizadores do vento.
A posição de
condução, seja em que motociclo for, deverá ser
de maior inclinação sobre o guiador assim
permitindo maior controlo. Nalgumas máquinas é
já assim que sempre se conduz. Noutras tal
postura não será a mais natural mas revela-se
necessária. O grau de inclinação variará
conforme a máquina e depende do condutor
reconhecer qual o necessário adaptando-se às
condições. Isto implica reconhecer que se irá
sofrer a acção das rabanadas e ver a rota,
normalmente em linha recta, alterada mas implica
também a calma para enfrentar tais alterações
com o esforço suficiente para retornar
suavemente à posição inicial sem guinadas
bruscas. Ter em mente que a uma rabanada se pode
seguir um vazio de turbulência e não convém ser
apanhado em contra-pé ao realizar um esforço
demasiado que poderá provocar a queda para o
outro lado. Os pés deverão estar colocados em
posição directamente abaixo do corpo do condutor
o que significa não utilizar as plataformas de
descanso nas custom.
Em prol da
segurança importa ter o discernimento suficiente
para reconhecer quando a fúria dos elementos é
demasiado grande e parar, se necessário. Mais
vale desistir da viagem ou esperar a bonança que
acabar no chão.
Jorge
Macieira
Advogado, Mediador de Conflitos e motociclista
| |